quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pactos globais apelam para que as empresas se comprometam com o futuro que queremos

Nova York, 03 de maio de 2012) - O Pacto Global da ONU, em parceria com o Conselho Empresarial Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), anunciou hoje uma chamada mundial para compromissos de ações e parcerias que o progresso avanço ao longo dos seis temas centrais do Rio+20 Fórum de Sustentabilidade Empresarial, a ser realizada em 15-18 junho de 2012 no Rio de Janeiro. A chamada convida empresas para ajudar a resolver os desafios globais destacadas pela Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20). Em um endereço de vídeo especial publicado no site da Global Compact, Secretário Geral da ONU Ban Ki-moon exortou empresas a nível global para reforçar o seu compromisso com a sustentabilidade na liderança até a Rio +20: "Precisamos colocar o nosso mundo de uma forma mais sustentável caminho: economicamente, socialmente e ambientalmente ... Soluções existem, que podem ter impactos profundos. Mas precisamos de muitas empresas mais despertem para essa agenda. " Ao fazer um compromisso com a ação, as empresas podem demonstrar liderança na promoção dos objectivos de desenvolvimento sustentável. As empresas estão convidados a apresentar os seus compromissos através do gateway parceria ONU-business em www.business.un.org / compromissos. O Escritório do Pacto Global e do WBCSD irá reconhecer e destacar os compromissos das empresas no site business.un.org e em um dispositivo móvel disponível para os cerca de 2.000 participantes do Fórum de Sustentabilidade Empresarial Rio +20. Compromissos será ainda listados no documento final do Fórum e na geral Rio +20 compêndio dos compromissos. Selecione compromissos também serão exibidos em publicações, materiais de mídia, e durante a fala e vídeo oportunidades no Fórum. Para ser considerado para as oportunidades de reconhecimento, os compromissos devem ser apresentadas até 1 de Junho. Para garantir a qualidade eo impacto desses compromissos, cada um deve cumprir os seguintes critérios: • Desenvolver um ou mais objetivo das Nações Unidas / problema; • Incluir calendarizado alvo (s) que pode ser medido pelo sucesso e • Incluir um acordo para divulgar publicamente, numa base anual, os progressos realizados para perceber o compromisso, ao longo de sua duração. Compromissos pode assumir várias formas, incluindo novos projetos ou parcerias, atividades existentes que são ampliados ou acelerou, adicionando parceiros para projetos existentes, ou de renovação de compromissos em curso. Enquanto as empresas podem fazer contribuições significativas de forma independente, a colaboração - se em um arranjo público-privada, com governos locais, organizações da sociedade civil ou das Nações Unidas - é incentivada, pois muitas vezes pode levar a um maior impacto. Compromissos que estão intimamente ligados ao núcleo plano de desenvolvimento de negócios, ou missão de uma empresa também são muitas vezes mais durável, sustentável e susceptíveis de conduzir impacto real e mudança. Exemplos de compromissos incluem o seguinte: • Energia e Clima: Reduzir emissões de operações ou melhorar a eficiência energética dos produtos e serviços • Água e Ecossistemas: Elimine o escoamento de águas residuais na produção ou desenvolver normas de uso da água em parceria com os governos locais • Agricultura & Alimentação: Colaborar através de uma cadeia de suprimentos para construir um sistema de distribuição a preços acessíveis de alimentos para populações carentes ou melhorar a eficiência das operações agrícolas • Desenvolvimento Social: Expandir as relações comerciais com as mulheres empresas públicas, incluindo as pequenas empresas e empreendedores mulheres. • Urbanização e Cidades: Criar uma elevada qualidade, sistema de esgoto de baixo impacto em um mercado em desenvolvimento ou parceria com os governos locais a criar mais confiáveis opções de transporte público • Economia e Finanças de Desenvolvimento Sustentável: Fornecer financiamento para uma empresa inovadora de desenvolvimento ou criar um mercado internacional para o intercâmbio de fundos de desenvolvimento • Saiba mais sobre a chamada para os compromissos. • Faça um compromisso com a ação agora. Fonte:Rio+20 Conferência das Nações Unidas,sobre Desenvolvimento Sustentável. Elisangela Ferreira / R00011

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Delegações já desistem da Rio+20 por alto custo de hotéis brasileiros

O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, confirmou nesta terça-feira (8) a posição de deputados do Parlamento Europeu que decidiram cancelar a viagem de uma delegação oficial para a Rio+20 por causa do alto custo da hospedagem no Rio de Janeiro, segundo informações da agência EFE. Ex-ministro do Meio Ambiente e atual coordenador das atividades relacionadas à conferência da ONU no Governo do Rio, Minc disse que a decisão dos deputados europeus é "justificável" e que "não faz sentido o Rio estar mais caro do que capitais europeias, onde a mão de obra é muito mais cara". "Eu concordo e acho que esse gesto dos deputados do Parlamento Europeu deveria servir para fazer com o setor hoteleiro o que a presidente Dilma (Rousseff) fez com o setor bancário em relação aos juros. São outros mecanismos, é claro, mas precisa dar uma sacudida", defendeu o secretário. Minc disse que fez muitas amizades na Europa no período de quase dois anos em que ocupou o cargo de ministro e que já recebeu várias queixas de pessoas "horrorizadas" com os preços cobrados na cidade. Preços abusivos Em março, o Ministério da Justiça anunciou que havia iniciado uma investigação para apurar denúncias de que hotéis do Rio estariam cobrando preços considerados abusivos em reservas para o período da Rio+20, em junho. O economista Sérgio Besserman, que coordena o Grupo de Trabalho da prefeitura para a Rio+20, disse que comentaria a notícia não pelo município, mas como cidadão carioca. "Há um entrave (na questão dos hotéis), mas nem tanto. Se (os deputados) precisavam de um pretexto para fugir da raia na Rio+20, seria preferível arranjar um melhor". A Associação Brasileira de Hotéis (ABIH) do Rio informou, por meio de nota, que "não há informações que confirmem a desistência de uma delegação europeia em participar da Rio+20 em função do preço das diárias dos hotéis". "Até o momento, nada foi informado nesse sentido". De acordo com a entidade, a hotelaria carioca "vem se reunindo regularmente com os ministérios do Turismo e das Relações Exteriores para viabilizar a melhor receptividade a todas as demandas de hospedagem de delegações internacionais e representantes da ONU". O secretário municipal de Turismo, Antonio Pedro Figueira de Mello, foi procurado mas ele não foi localizado. De acordo com a assessoria de imprensa do secretário, ele havia recebido a notícia da EFE, mas estava em uma reunião e não poderia dar entrevista. Elisangela Ferreira / R00011.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

MAIORIA DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DESCONHECE IMPORTÂNCIA DA RIO+20

O significado e a importância da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio 20, prevista para junho na capital fluminense, são ignorados por 81% das micro e pequenas empresas brasileiras. É o que mostra a pesquisa divulgada hoje pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). De acordo com a sondagem, pontualmente, as empresas têm práticas sustentáveis, mas essa não é ainda uma característica global. “Ainda não elaboraram isso como uma agenda geral da sua empresa. Esse é o esforço do Sebrae. Mostrar que é possível ter eficiência energética, reciclar os materiais, tratar os resíduos sólidos e inovar por meio de mudanças tecnológicas”, disse hoje (3), no Rio, o presidente da entidade, Luiz Barretto. “O esforço do Sebrae é trazer as pequenas empresas para essa agenda”, completou. Para Barretto, o desafio do Sebrae é trazer o tema da sustentabilidade para a discussão dos pequenos empreendimentos, nos seus três eixos: econômico, social e ambiental. Lembrou que as pequenas empresas constituem 99,1% do total de negócios estabelecidos no país e estão na base da sociedade. Elas representam 25% do Produto Interno Bruto (PIB). O presidente do Sebrae admitiu que não é uma tarefa simples levar o desenvolvimento sustentável para o centro de debate dos micro e pequenos empreendedores, porque isso envolve mudanças comportamentais que terão de ocorrer ao longo dos próximos anos. “Mas quanto antes a gente chegar nesse debate, nessas práticas, mais chances de sobrevivência no mercado a gente terá”, ressaltou. Na avaliação de Barretto, além de representar ganhos para os cidadãos, a sustentabilidade significa também ganhos em termos de eficiência para as companhias, “ganhos de produtividade, de aumentar a competitividade da sua empresa”. Se uma sorveteria, por exemplo, tem eficiência energética em seus refrigeradores e outra não tem, ela não poderá sobreviver no mercado, disse. É a evolução do mercado consumidor que vai impor novos padrões. “E aquelas empresas que demorarem para adotar esses novos padrões, certamente vão ficar para trás”. O presidente do Sebrae enfatizou que não só o cidadão tem de entender que o planeta precisa de atitudes em relação ao tema da sustentabilidade, mas também o mercado. Na opinião de Barretto, as questões de concorrência e de ganhos de eficiência é que vão impor um novo padrão, e “os consumidores e a sociedade vão cada vez mais querer consumir de uma empresa que tem práticas sustentáveis”. O fundamental, sustentou, é que práticas sustentáveis significam aumento de mercado, possibilidade de ampliação de ganhos, aumento dos lucros. “É isso que a gente quer combinar: como ter uma atitude positiva e, ao mesmo tempo, faturar mais”, disse. O Sebrae vai auxiliar os micro e pequenos empresários na busca pela inovação em seus negócios, com o objetivo de maiores ganhos para o setor. A entidade quer funcionar como um elo de ligação com as fontes de financiamento para as mudanças tecnológicas, entre as quais a Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Finep) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Nós temos que convencê-lo [empresário] que isso é bom para ele, bom para o consumidor e bom para o planeta”, declarou Barretto. Argumentação:O questionamento desta pauta durante o evento da Rio+20,poderá ocasionar debates em todo meio empresarial,na busca por promover ações que venham desnaturalizar a visão destes pequenos empreendedores. De acordo com o levantamento, apesar de 58% deles afirmarem não ter conhecimento sobre o tema, na prática, entre 61% e 80% já realizam algum tipo de ação sustentável, como controle de consumo de energia, água e papel, coleta seletiva e tratamento de resíduos tóxicos, tais como solventes, produtos de limpeza e cartuchos de tintas. “Hoje, sustentabilidade é um diferencial de competitividade em todo o mundo e a contribuição da prática da Responsabilidade Ambiental poderá projetar as micros e pequenas empresas no futuro,propiciado pelas ações e transformações tecnológicas. Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR www.portodegalinhas.com Postado por Janete de Souza R00001

domingo, 6 de maio de 2012

RIO+20 DISCUTIRÁ ECONOMIA VERDE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Entre os dias 4 e 6 de junho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro será a sede da Rio+20 – Conferência das Nações Unidas em Desenvolvimento Sustentável. O evento, promovido pela ONU, reunirá representantes de governos, empresas e organizações do terceiro setor com o objetivo principal de garantir o compromisso político internacional para o desenvolvimento sustentável. Basicamente, a Rio+20 vai tratar de dois temas: a economia verde e o desenvolvimento sustentável, envolvendo um balanço das realizações ocorridas nos vinte anos desde a ECO 92, encontro que também foi realizado na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1992, e considerado o mais importante evento ambiental mundial até hoje. Além da análise do progresso alcançado nas últimas duas décadas e das lacunas ainda existentes na implementação de acordos internacionais, como dois dos principais documentos originados na ECO 92 - a Agenda 21, constituída por 2,5 mil recomendações para a efetivação do desenvolvimento sustentável e a Convenção Marco sobre Mudança Climática, feita com o objetivo de evitar interferências causadas pela humanidade no sistema climático –, serão debatidos acordos recentes, como os elaborados na COP10 da Biodiversidade e na COP16 sobre mudanças climáticas, convenções realizadas em 2010, nas cidades de Nagoya e Cancún, respectivamente. (Leia mais sobre essas conferências nos links abaixo). A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, em declaração ao site do Ministério do Meio Ambiente, afirma que o país tem todas as condições de liderar uma mudança, em nível mundial, para economias mais verdes. De acordo com a ministra, a Rio+20 será uma excelente oportunidade para demonstrar isso. “Apesar de ser uma conferência da ONU, o Brasil, como país-sede, preside o evento e o seu papel será fundamental para o alcance de acordos durante o encontro”, disse Izabella. No tocante ao balanço das realizações ocorridas entre a ECO92 e a Rio+20, a ministra chama a atenção para que a “conferência não se torne uma arena de acusações, ainda que deva discutir abertamente as falhas enfrentadas hoje, em relação ao que foi decidido em 1992”. Um ponto ainda a se definir é o formato do evento, que pode ser uma cúpula, com presença dos chefes de Estado, ou uma conferência, contando com outros representantes. Em caso de uma grande cúpula, é esperada a confecção de um documento politicamente vinculante, como uma carta, resolução ou declaração. ONGs – “A Rio+20 é considerada pelas organizações do terceiro setor como um evento muito importante, pois nele a sociedade civil poderá ter uma presença e atuação muito maior do que a observada nas conferências do clima da ONU em Copenhague, em 2009, e Cancún, em 2010, por exemplo”, diz Ivo Lesbaupin, membro da diretoria da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais), entidade que integra o Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20. Entrevistado pelo Instituto Ressoar, Ivo explicou a importância da presença das organizações do terceiro setor na Rio+20 e o papel dessas instituições nos debates sobre o desenvolvimento sustentável e a economia verde, os dois temas básicos do encontro. A entrevista você confere a seguir. Ressoar - Qual a importância que a Rio + 20 terá para as organizações do terceiro setor? Ivo Lesbaupin - A Rio+20 é considerada pelas ONGs, pelas organizações da sociedade civil em geral, um evento muito importante. Por que? Porque nele a sociedade civil poderá ter uma presença e uma atuação maior. As Conferências da ONU de Copenhague (2009) e Cancún (2010) foram muito frustrantes para os cidadãos de todo o mundo porque evidenciaram que os governos nacionais não estão muito interessados na questão ambiental. A grave situação de aquecimento global que os cientistas denunciaram, com força cada vez maior, nos últimos anos tem sido apreendida por um número crescente de cidadãos. Estes tomam aguda consciência do problema não apenas pela divulgação dos relatórios científicos, mas também e com mais força, pelos eventos extremos que têm ocorrido por toda parte: furacões, terremotos, tsunamis, ciclones, chuvas devastadoras, numa frequência cada vez maior. No entanto, a disposição dos governos parece muito pequena frente a ameaças tão grandes: não há vontade política para mudar o rumo que nos está levando ao desastre. As organizações da sociedade civil esperam poder mostrar ao mundo, durante este evento, que estão conscientes da gravidade da problemática que devemos enfrentar, que existem soluções para evitar que a ameaça se torne pior, que existem caminhos alternativos para as sociedades, para a humanidade poder viver bem, sem destruir as condições naturais das quais depende sua sobrevivência. Ressoar - Quais os principais temas que serão debatidos pelas ONGs e quais objetivos se espera alcançar? Ivo Lesbaupin - O principal tema a ser debatido é o conjunto de causas que tem produzido esta situação ambiental, entre as quais a mais importante é o modelo de desenvolvimento dominante, especialmente no último século. Trata-se de um modelo que tem o crescimento econômico como meta e este crescimento se traduz por uma produção de bens cada vez maior e, portanto, por um consumo cada vez maior. Tal produção exige a utilização crescente de recursos naturais, dos quais uma parte significativa é finita, limitada, não-renovável. Outra parte é constituída por recursos renováveis que, porém, estão sendo utilizados numa velocidade bem maior do que sua capacidade de reposição. É o caso das florestas, de um lado e da água doce, de outro. É preciso buscar outro modelo de desenvolvimento que não destrua os recursos naturais, que não acabe com os elementos que são condição indispensável para a vida humana na Terra. Se a Terra é finita, a produção não pode ser ilimitada, o consumo não pode ser ilimitado. Ressoar - Qual é o papel das ONGs para o alcance de uma economia verde e de um desenvolvimento sustentável? Ivo Lesbaupin - Ambas as expressões, “desenvolvimento sustentável” e “economia verde” são passíveis de discussão. Quando o conceito de “desenvolvimento sustentável” surgiu, há vinte anos, parecia indicar um processo de superação dos problemas ambientais. No entanto, acabou sendo cada vez mais identificado com a manutenção do modelo de desenvolvimento vigente, com a introdução de algumas medidas de precaução, sem, no entanto, mexer no fundamental. O mesmo parece estar ocorrendo com o conceito, ainda impreciso, de “economia verde”. Vai se introduzir uma série de inovações tecnológicas sem, no entanto, mexer no fundamental. Por exemplo, vamos continuar a explorar o petróleo – uma das causas fundamentais do efeito estufa? Não basta fazer mudanças “cosméticas”: para enfrentar a gravidade da questão ambiental, é preciso fazer mudanças muito mais profundas, é preciso ter coragem de tomar decisões neste sentido. Muitas ONGs e organizações da sociedade civil de modo geral pretendem aproveitar o momento,assim como a preparação da rio+20,para mostrar que existem alternativas e que,inclusive,algumas delas já estão sendo experimentadas em pequena escala. ARGUMENTAÇÃO O envolvimento do terceiro setor no rio+20 provavelmente será de grande valia e construtivo, pois acrescentará e firmará o respaldo voluntário, atingindo como conseqüência a divulgação deste ato brasileiro a todas as nações presentes no evento. Haverá também debates com membros da sociedade civil que ocorrerão nos intervalos, entre as negociações e a cúpula com chefes de estado, como informa o embaixador Luís Alberto Figueiredo, secretário executivo do Brasil na cúpula. A atuação das ONGS poderá induzir mudanças e transformações radicais introduzindo a economia verde e o desenvolvimento sustentável no nosso dia a dia e acarretando uma promoção de um lugar melhor para futuras gerações, que poderão progredir, mas sem fazer estragos. Fonte: Globo natureza WWW.ressoar.org.br Postado por Janete de Souza R00001

terça-feira, 1 de maio de 2012

Rio +20 pode ter poucos resultados práticos






De 20 a 22 de junho, acontece no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20). O encontro tem como objetivo construir um compromisso político dos países com o desenvolvimento sustentável, definindo uma agenda para as próximas décadas. O evento, que marca os 20 anos da Rio+92, quando estabeleceu-se pela primeira vez metas – muitas das quais não foram atingidas –, na tentativa de conciliar crescimento econômico e preocupação ambiental.

A conferência aborda a temática apoiando-se no conceito da economia verde, estabelecendo sete questões críticas: emprego, energia, cidades, alimentação, água, oceano e desastres. Em entrevista ao Portal Aprendiz, a jornalista especializada em questões ambientais, hoje diretora de redação da Revista Com Ciência Ambiental, Cilene Victor, contextualiza a Rio + 20 e explica por que acredita que o discurso do marketing verde pode ser perigoso para o crescimento sustentável dos países.

Cilene Victor acredita que a Cúpula dos Povos, organizada pela sociedades civil e que ocorre paralelamente ao evento, é a "razão de ser da Rio+20".

Portal Aprendiz – Qual a importância de uma conferência como a Rio +20? Você acredita que ela tem sido levada a sério pelos países participantes e atingido suas metas?

Cilene Victor - Não, ela não está sendo levada a sério pelos países participantes, basta lembrar o que aconteceu com o Protocolo de Quioto e isso já é o suficiente para se chegar a esta conclusão. Vejo a Rio+20 como algo mais simbólico, uma tentativa de responder às pressões da opinião pública, de dizer que sustentabilidade está na agenda governamental. Não acredito que as metas serão atingidas e gostaria muito, de verdade, de está equivocada, pois precisamos do comprometimento dos nossos governos.

Portal Aprendiz – A crise econômica do bloco dos países mais ricos influencia, de certa forma, a abordagem das principais diretrizes da conferência?

Cilene VictorSim, e essa influência está associada à ordem de prioridade dos governos desses países. Até que ponto as nações mais ricas, ameaçadas por uma grande crise econômica, estão realmente dispostas a discutir sustentabilidade e a inserir nas suas agendas políticas a preocupação com mudanças climáticas, por exemplo? O Relatório Stern completou cinco anos e o seu efeito parece pífio. Ainda que tenha alguns pontos frágeis, esse documento de mais de 700 páginas discorre sobre os impactos que as mudanças climáticas poderão acarretar sobre a economia, a partir de uma projeção para os próximos 50 anos. E a questão parece ser esta, ninguém quer discutir o amanhã, mas o hoje, cuja importância parece limitar-se à questão econômica. Alguns especialistas veem uma luz no fim do túnel ao acreditarem que essa crise possa ser freada com o fortalecimento da chamada economia verde. Aí há um abismo significativo entre o real e o imaginado, mas já é um começo.

Portal Aprendiz – A Rio +20 aborda sete questões críticas: emprego, energia, cidades, alimentação, água, oceanos e desastres. Qual a sua opinião a respeito do posicionamento da conferência em relação a esses temas?

Cilene Victor – A escolha das sete questões críticas reflete exatamente o desafio que a conferência terá de enfrentar. Esses temas pedem uma abordagem transdisciplinar e isso sempre é desafiador, porque na prática, raras exceções, as abordagens são simplistas e isoladas. É impossível discutir a gestão de riscos de desastres e a construção de comunidades mais resistentes, por exemplo, sem rever o modelo de desenvolvimento e crescimento das cidades, o uso e ocupação do solo, as áreas ambientalmente vulneráveis etc. Um problema está desencadeando o outro e as soluções precisam ser integradas. Essa abordagem transdiciplinar demanda a criação de comitês interdisciplinares, preferencialmente locais, pois todos os problemas, ainda que afetem todo o mundo, se dão em uma dada localidade e aí gosto de resgatar um aforismo muito comum à época da Rio+92: “pensar globalmente e agir localmente”. Se conseguirmos isso, cujas fórmulas ainda não existem, mas estão sendo pensadas, daremos um grande passo para reverter o quadro global. O que mais me preocupa, no entanto, é vontade política e conhecimento técnico dos administradores municipais.

Portal Aprendiz – Os dois temas centrais da Rio +20 são “a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza” e “a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”. Qual a sua opinião a respeito da escolha desses temas e de como eles serão abordados?

Cilene Victor - Reflete exatamente aquilo que pode acontecer com a conferência: ser um grande evento midiático com poucos resultados práticos. A escolha dos temas pode ajudar a pautar os meios de comunicação, pois às vezes nos esquecemos da população brasileira que vive ainda na extrema pobreza. Não estamos em um concurso de poesia ou de monografias de conclusão de curso, então, buscar interface entre economia verde, sustentabilidade e erradicação da pobreza é uma ousadia e tanto. Basta olharmos para os nossos exemplos. Temos estados brasileiros que têm investido em ações em prol de uma economia verde, em políticas de sustentabilidade, mas não conseguiram ainda dar uma resposta à pobreza extrema que os afetam há mais de um século. O meu questionamento é sobre a prática, como viabilizar, como permitir que essa interface dê a resposta que queremos?

Portal Aprendiz – O que o discurso da Economia Verde representa sobre a postura dos países em relação às questões ambientais?

Cilene Victor – Na maioria dos casos é o marketing verde, o greenwashing, pois muitas nações ainda não conseguiram nem colocar em prática as suas políticas de sustentabilidade, e, tampouco, fazer valer os tratados internacionais dos quais são signatárias. Diante da crise econômica, no entanto, alguns especialistas acreditam que a corrida por uma nova economia, que será verde, possa reverter esta situação, mas tudo ainda é muito novo e experimental, mas como gosto de dizer, já é um começo.

Portal Aprendiz – Há uma separação entre o posicionamento dos países desenvolvidos, emergentes e subdesenvolvidos?

Cilene Victor - Somente a posição dos países pobres, que têm enfrentado problemas de grande envergadura, como as guerras civis, a fome, a epidemia de doenças, entre outros, será diferente. Esses países, com certeza, vão cobrar respostas concretas, que possam, inclusive, reverter o seu cenário político, social e econômico. Já a posição dos países em desenvolvimento, com certeza, se confundirá com a dos países desenvolvidos, pois estão em constantes trocas de acusações e cobranças. Estados Unidos e União Europeia, por exemplo, cobram respostas, responsabilidades e compromissos da China e Índia, e esses dois devolvem a cobrança, em especial, quando discutem o modelo de consumo dos países desenvolvidos. Aqui podemos ter um jogo de empurra-empurra e prejudicar toda e qualquer negociação.

Portal Aprendiz – Qual a sua opinião a respeito do posicionamento do governo brasileiro nas questões ambientais? A bandeira levantada de um país sustentável condiz com a realidade?

Cilene Victor - Não posso dizer que o Brasil não esteja tentando fazer essa bandeira da sustentabilidade ser mais que um marketing verde, mas temos problemas muito pontuais, como a construção de grandes barragens, a demarcação de terras indígenas, a monocultura dominando e impactando biomas, o cerrado e a Amazônia. Se eu for listar os problemas que ainda estão longe de consenso, precisaria de um espaço infinito, mas posso dizer, como jornalista há 21 anos nesta área, que o Brasil avançou bastante e, ao menos, está mais disposto ao debate, ainda que tente o braço-de-ferro em alguns casos, como a construção de Belo Monte.

Portal Aprendiz – Quais são os pontos mais críticos do governo brasileiro no tratamento das questões ambientais? Nesse sentido, você acha que tem ocorrido um retrocesso ou avanço?

Cilene Victor - Houve um avanço, pois como disse antes, o governo brasileiro está mais disposto ao diálogo, mas tem questões que ainda revelam o ponto crítico do governo e duas delas são a demarcação de terras indígenas e a demanda energética, que faz o país acreditar na construção de grandes hidrelétricas. O ponto crítico é que prevalece a posição política, isoladamente, sobrepondo-se às outras abordagens, como a científica, a das comunidades tradicionais etc.

Portal Aprendiz: Organizada pela sociedade civil, a Cúpula dos Povos acontece paralelamente a Rio +20. Qual a importância desse evento e qual o seu principal desafio?

Cilene Victor - Ali estão a essência e a razão de ser da Rio+20, principalmente porque a organização da sociedade civil está a cargo de instituições, de ONGs e pessoas sérias, historicamente envolvidas e comprometidas com a temática. Conseguir reunir as diversas expressões de nossa sociedade em torno do mesmo tema é um grande feito e prova que a sociedade civil consegue se organizar e cobrar os compromissos assumidos na arena política. Os povos indígenas do Mato Grosso, por exemplo, representados pelas grandes lideranças indígenas do Xingu, estão se organizando para ter voz na Cúpula dos Povos e esse será um grande momento, pois várias etnias levarão os ecos de sua luta à imprensa mundial.


FONTE: Portal do Aprendiz

Marjorie Ribeiro - 27/04/12 - http://portal.aprendiz.uol.com.br/2012/04/27/rio-20-pode-ter-poucos-resultados-praticos/

ALUNA: Cristina Alonso / R00016

 

"O governo brasileiro não acredita na mudança climática", afirma Rubens Ricupero


Diplomata divulgou carta assinada por ambientalistas que critica postura brasileira na condução da Rio+20. Conferência da ONU, afirmam, corre o risco de ser irrelevante e representar um retrocesso

Marco Túlio Pires
Aquecimento global(Thinkstock)
"Não é pelo amor às baleias ou pássaros que queremos preservar o planeta. Uma economia predatória, que gasta sem limite os recursos naturais, destroi as bases do que se entende por uma economia sustentável."
José Goldemberg, físico e ex-secretário do Meio Ambiente
A Rio+20 corre o risco de ser irrelevante e representar um retrocesso nas discussões sobre o desenvolvimento sustentável. É o que afirma um documento lançado nesta quarta-feira, em São Paulo, pelo fórum de ex-ministros do Meio Ambiente e assinado por diversos ambientalistas. "O governo não acredita na mudança climática", disse o diplomata Rubens Ricupero, ex-ministro do Meio Ambiente (1993-1994) e principal articulador do documento. "Tenho dúvidas de que alguém do governo brasileiro, à exceção da ministra do Meio Ambiente, tenha lido o relatório da ONU sobre as mudanças do clima."

A carta publicada nesta quarta-feira afirma que a atual posição do governo brasileiro diminui a importância do meio ambiente na Rio+20, inviabilizando qualquer discussão sobre o desenvolvimento sustentável. "Voltaremos a um ponto anterior à Rio 92", disse a ex-senadora Marina Silva, uma das signatárias do documento. Uma versão preliminar das proposições foi entregue ao vice-presidente, Michel Temer, e a versão final será encaminhada à presidente Dilma Rousseff.

Um dos pontos mais criticados pelos especialistas é a falta de um plano de medidas práticas que permitam a transição para uma economia de 'baixo carbono'. Uma economia de baixo carbono é aquela que usa fontes de energia renováveis, como solar, eólica e hidrelétrica. "Emite o mínimo de gás carbônico e outras substâncias que aceleram o efeito estufa", disse Ricupero.

O documento afirma que exceto no caso dos favorecimentos a aparelhos da linha branca em 2008, como geladeiras, fogões e máquinas de lavar, de maior economia de energia, o Brasil praticamente ignorou a questão climática nos pacotes de estímulos adotados desde então. "As políticas econômicas e industriais devem ser coerentes com a transição para uma economia de baixo carbono", defende o documento.

Na opinião dos ambientalistas que assinam a carta, isso ocorre porque há um atraso na implementação e na divulgação de planos previstos na Política Nacional de Mudanças do Clima, estabelecida em dezembro de 2009. As medidas seriam capazes de coordenar as políticas climáticas, industriais e de transporte de maneira integrada.

Destaque ao ambiente — Os que assinam a carta também criticam a possibilidade da Rio+20 não dar o devido destaque para a questão ambiental, "a mais importante", dizem. Para eles, a degradação do meio ambiente impede o desenvolvimento econômico e o social. "Não é possível falar de desenvolvimento sustentável sem resolver a questão do meio ambiente", disse Ricupero.

O governo brasileiro, por outro lado, defende que a conferência trate igualmente dos problemas sociais, econômicos e ambientais. A justificativa para não dar destaque às questões climáticas, por exemplo, seria a existência de uma conferência específica para isso (a próxima será em novembro, no Qatar).

"Se não discutirmos com ênfase os problemas ambientais na Rio+20 voltaremos a um ponto anterior à Rio 92 - seria um retrocesso", disse Marina Silva, ministra de 2003 a 2008. "Se destruirmos as fontes de onde tirarmos energia renovável, o social e o econômico estão condenados", disse José Goldemberg, físico e secretário do Meio Ambiente durante o governo Collor.

Pragmatismo —
Goldemberg defende uma visão pragmática de proteção ao meio ambiente. "Não é pelo amor às baleias ou pássaros que queremos preservar o planeta", ponderou. "Uma economia predatória, que gasta sem limite os recursos naturais, destroi as bases do que se entende por uma economia sustentável."
O físico afirma que o Brasil poderia se sair bem naturalmente, dado a quantidade de recursos naturais à disposição do país e de sua matriz energética renovável.

De acordo com Ricupero, a intenção não é ser partidário. "Ficamos decepcionados com o posicionamento oficial do Brasil na Rio+20 e oferecemos uma nova visão, livre de partidos", disse.