domingo, 6 de maio de 2012

RIO+20 DISCUTIRÁ ECONOMIA VERDE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Entre os dias 4 e 6 de junho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro será a sede da Rio+20 – Conferência das Nações Unidas em Desenvolvimento Sustentável. O evento, promovido pela ONU, reunirá representantes de governos, empresas e organizações do terceiro setor com o objetivo principal de garantir o compromisso político internacional para o desenvolvimento sustentável. Basicamente, a Rio+20 vai tratar de dois temas: a economia verde e o desenvolvimento sustentável, envolvendo um balanço das realizações ocorridas nos vinte anos desde a ECO 92, encontro que também foi realizado na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1992, e considerado o mais importante evento ambiental mundial até hoje. Além da análise do progresso alcançado nas últimas duas décadas e das lacunas ainda existentes na implementação de acordos internacionais, como dois dos principais documentos originados na ECO 92 - a Agenda 21, constituída por 2,5 mil recomendações para a efetivação do desenvolvimento sustentável e a Convenção Marco sobre Mudança Climática, feita com o objetivo de evitar interferências causadas pela humanidade no sistema climático –, serão debatidos acordos recentes, como os elaborados na COP10 da Biodiversidade e na COP16 sobre mudanças climáticas, convenções realizadas em 2010, nas cidades de Nagoya e Cancún, respectivamente. (Leia mais sobre essas conferências nos links abaixo). A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, em declaração ao site do Ministério do Meio Ambiente, afirma que o país tem todas as condições de liderar uma mudança, em nível mundial, para economias mais verdes. De acordo com a ministra, a Rio+20 será uma excelente oportunidade para demonstrar isso. “Apesar de ser uma conferência da ONU, o Brasil, como país-sede, preside o evento e o seu papel será fundamental para o alcance de acordos durante o encontro”, disse Izabella. No tocante ao balanço das realizações ocorridas entre a ECO92 e a Rio+20, a ministra chama a atenção para que a “conferência não se torne uma arena de acusações, ainda que deva discutir abertamente as falhas enfrentadas hoje, em relação ao que foi decidido em 1992”. Um ponto ainda a se definir é o formato do evento, que pode ser uma cúpula, com presença dos chefes de Estado, ou uma conferência, contando com outros representantes. Em caso de uma grande cúpula, é esperada a confecção de um documento politicamente vinculante, como uma carta, resolução ou declaração. ONGs – “A Rio+20 é considerada pelas organizações do terceiro setor como um evento muito importante, pois nele a sociedade civil poderá ter uma presença e atuação muito maior do que a observada nas conferências do clima da ONU em Copenhague, em 2009, e Cancún, em 2010, por exemplo”, diz Ivo Lesbaupin, membro da diretoria da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais), entidade que integra o Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20. Entrevistado pelo Instituto Ressoar, Ivo explicou a importância da presença das organizações do terceiro setor na Rio+20 e o papel dessas instituições nos debates sobre o desenvolvimento sustentável e a economia verde, os dois temas básicos do encontro. A entrevista você confere a seguir. Ressoar - Qual a importância que a Rio + 20 terá para as organizações do terceiro setor? Ivo Lesbaupin - A Rio+20 é considerada pelas ONGs, pelas organizações da sociedade civil em geral, um evento muito importante. Por que? Porque nele a sociedade civil poderá ter uma presença e uma atuação maior. As Conferências da ONU de Copenhague (2009) e Cancún (2010) foram muito frustrantes para os cidadãos de todo o mundo porque evidenciaram que os governos nacionais não estão muito interessados na questão ambiental. A grave situação de aquecimento global que os cientistas denunciaram, com força cada vez maior, nos últimos anos tem sido apreendida por um número crescente de cidadãos. Estes tomam aguda consciência do problema não apenas pela divulgação dos relatórios científicos, mas também e com mais força, pelos eventos extremos que têm ocorrido por toda parte: furacões, terremotos, tsunamis, ciclones, chuvas devastadoras, numa frequência cada vez maior. No entanto, a disposição dos governos parece muito pequena frente a ameaças tão grandes: não há vontade política para mudar o rumo que nos está levando ao desastre. As organizações da sociedade civil esperam poder mostrar ao mundo, durante este evento, que estão conscientes da gravidade da problemática que devemos enfrentar, que existem soluções para evitar que a ameaça se torne pior, que existem caminhos alternativos para as sociedades, para a humanidade poder viver bem, sem destruir as condições naturais das quais depende sua sobrevivência. Ressoar - Quais os principais temas que serão debatidos pelas ONGs e quais objetivos se espera alcançar? Ivo Lesbaupin - O principal tema a ser debatido é o conjunto de causas que tem produzido esta situação ambiental, entre as quais a mais importante é o modelo de desenvolvimento dominante, especialmente no último século. Trata-se de um modelo que tem o crescimento econômico como meta e este crescimento se traduz por uma produção de bens cada vez maior e, portanto, por um consumo cada vez maior. Tal produção exige a utilização crescente de recursos naturais, dos quais uma parte significativa é finita, limitada, não-renovável. Outra parte é constituída por recursos renováveis que, porém, estão sendo utilizados numa velocidade bem maior do que sua capacidade de reposição. É o caso das florestas, de um lado e da água doce, de outro. É preciso buscar outro modelo de desenvolvimento que não destrua os recursos naturais, que não acabe com os elementos que são condição indispensável para a vida humana na Terra. Se a Terra é finita, a produção não pode ser ilimitada, o consumo não pode ser ilimitado. Ressoar - Qual é o papel das ONGs para o alcance de uma economia verde e de um desenvolvimento sustentável? Ivo Lesbaupin - Ambas as expressões, “desenvolvimento sustentável” e “economia verde” são passíveis de discussão. Quando o conceito de “desenvolvimento sustentável” surgiu, há vinte anos, parecia indicar um processo de superação dos problemas ambientais. No entanto, acabou sendo cada vez mais identificado com a manutenção do modelo de desenvolvimento vigente, com a introdução de algumas medidas de precaução, sem, no entanto, mexer no fundamental. O mesmo parece estar ocorrendo com o conceito, ainda impreciso, de “economia verde”. Vai se introduzir uma série de inovações tecnológicas sem, no entanto, mexer no fundamental. Por exemplo, vamos continuar a explorar o petróleo – uma das causas fundamentais do efeito estufa? Não basta fazer mudanças “cosméticas”: para enfrentar a gravidade da questão ambiental, é preciso fazer mudanças muito mais profundas, é preciso ter coragem de tomar decisões neste sentido. Muitas ONGs e organizações da sociedade civil de modo geral pretendem aproveitar o momento,assim como a preparação da rio+20,para mostrar que existem alternativas e que,inclusive,algumas delas já estão sendo experimentadas em pequena escala. ARGUMENTAÇÃO O envolvimento do terceiro setor no rio+20 provavelmente será de grande valia e construtivo, pois acrescentará e firmará o respaldo voluntário, atingindo como conseqüência a divulgação deste ato brasileiro a todas as nações presentes no evento. Haverá também debates com membros da sociedade civil que ocorrerão nos intervalos, entre as negociações e a cúpula com chefes de estado, como informa o embaixador Luís Alberto Figueiredo, secretário executivo do Brasil na cúpula. A atuação das ONGS poderá induzir mudanças e transformações radicais introduzindo a economia verde e o desenvolvimento sustentável no nosso dia a dia e acarretando uma promoção de um lugar melhor para futuras gerações, que poderão progredir, mas sem fazer estragos. Fonte: Globo natureza WWW.ressoar.org.br Postado por Janete de Souza R00001

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